Aumento para Vereadores, Prefeito e Vice Prefeito: Uma Decisão Desconexa com a Realidade de Alagoinhas - COLUNA DA BAHIA

Última

segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Aumento para Vereadores, Prefeito e Vice Prefeito: Uma Decisão Desconexa com a Realidade de Alagoinhas

 


Por Jorge Almeida

Nesta última semana, a população de Alagoinhas, na Bahia, foi surpreendida pela aprovação de duas leis que sancionaram aumentos significativos nos subsídios de prefeitos, vereadores e secretários municipais. 

A partir de janeiro de 2025, os ocupantes desses cargos passarão a desfrutar de remunerações que contrastam de forma gritante com a realidade econômica da maioria dos munícipes. Enquanto o trabalhador comum continuará a receber um salário mínimo de R$ 1.518,00, os vereadores passarão a receber R$ 17.350,00 mensais, e o prefeito, R$ 29.500,00.

As justificativas apresentadas para esse aumento baseiam-se em questões de orçamento e na necessidade de ajustar os subsídios ao “contexto atual”. Contudo, tais argumentos parecem ignorar a situação financeira precária do município e as dificuldades enfrentadas pela população. Alagoinhas, como tantos outros municípios brasileiros, enfrenta desafios significativos na prestação de serviços públicos essenciais. Acesso à saúde, à educação e à segurança de qualidade ainda estão longe de ser uma realidade para muitos.

É impossível ignorar o abismo que separa os novos salários dos representantes eleitos e os ganhos da maior parte dos cidadãos de Alagoinhas. O trabalhador comum, que sobrevive com o salário mínimo, enfrenta uma inflação crescente, custos de vida elevados e acesso limitado a oportunidades econômicas e sociais. Enquanto isso, os políticos passam a contar não apenas com altos subsídios, mas também com uma série de regalias como verba de gabinete, veículos oficiais e combustível.

Essa decisão revela uma desconexão alarmante entre os representantes eleitos e os desafios reais da população. Ao mesmo tempo que os moradores de Alagoinhas enfrentam filas em hospitais, escolas precárias e transporte público deficiente, seus líderes tomam para si um aumento que está longe de ser proporcional às demandas que deveriam estar atendendo.

O aumento nos subsídios também levanta questões sobre prioridades orçamentárias. Em um momento em que recursos poderiam ser canalizados para melhorar a infraestrutura, ampliar serviços de saúde e educação ou fomentar o desenvolvimento econômico, opta-se por privilegiar uma classe política que já goza de vantagens significativas.

A indignação popular é inevitável e justificada. A aprovação dessas leis reforça a percepção de que a classe política age de forma autorreferente, priorizando seus próprios interesses em detrimento do bem comum. Alagoinhas precisa de líderes comprometidos com a realidade local, que compreendam a urgência de reduzir desigualdades e de criar condições mais justas para todos os cidadãos.

É fundamental que a população se organize e cobre transparência e responsabilidade de seus representantes. O aumento salarial pode ser legal, mas está longe de ser moral ou eticamente justificável diante do contexto socioeconômico do município. Mais do que nunca, Alagoinhas precisa de uma política que respeite e atenda às necessidades do povo, e não de uma classe política que parece alheia à realidade que deveria representar.

Que esse episódio sirva de alerta para todos: é imprescindível que o voto seja usado como ferramenta de mudança e que a participação cidadã seja constante e vigilante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Post Top Ad

Responsive Ads Here